30Jul2021

O risco de crédito em Itália

Os setores automóvel, construção, consumo duradouro, papel, serviços e têxtil italianos apresentam um elevado risco de incumprimento.
 

O risco de crédito em Itália

 

  • Agricultura - Melhoria do risco de elevado para médio


No primeiro semestre de 2020, o setor agrícola viu-se afetado pela falta de trabalhadores temporários estrangeiros e por problemas de transporte decorrentes dos confinamentos. No ano passado, a agricultura foi também afetada por condições meteorológicas adversas durante o verão e pela descida dos preços dos produtos agrícolas. Após uma contração de 4,3% em 2020, prevê-se que o valor acrescentado do setor tenha um crescimento de cerca de 1% em 2021 e na ordem dos 3% em 2022.

 

  • Alimentação - Melhoria do risco de elevado para médio


Devido à renovação das medidas de confinamento a partir de novembro de 2020, um grande número de empresas ainda sentia problemas durante o primeiro trimestre de 2021 decorrentes dos novos encerramentos de vários canais de distribuição, sendo os mais drásticos o dos restaurantes, bares e outros lugares de consumo de alimentos fora do lar. Contudo, o relaxar das medidas de confinamento durante o segundo trimestre de 2021 está a apoiar o crescimento do setor, com uma previsão de incremento na ordem dos 3% em 2021.

 

  • Automóvel e transporte - Melhoria do risco de muito elevado para elevado


Prevê-se que o valor acrescentado do setor automóvel aumente 24% este ano. Apesar da forte recuperação, a situação de risco de crédito de muitas empresas continua tensa já que a descida de 20% em 2020 provocou graves problemas de liquidez e de falta de efetivo. Os fornecedores enfrentam o desafio de aumentar os investimentos para fazer face ao abandono dos motores de combustão em favor da mobilidade elétrica. As perspetivas para o setor de transporte mantêm-se moderadas, com uma previsão de aumento do valor acrescentado de 1%, após uma contração de 11% em 2020. Pelo menos até 2022, não é esperada uma recuperação de maior monta.  

 

  • Construção e materiais - Melhoria do risco de muito elevado para elevado


A construção vai crescer cerca de 6% em 2021 e aproximadamente 5% em 2022, após uma contração de 7,2% em 2020. Com a melhoria das perspetivas de crescimento para este ano, as perspetivas de rendimento do setor também melhoraram, mas o risco de crédito permanece elevado. Contudo, subsistem alguns problemas como uma concorrência aguerrida, a debilidade das finanças públicas e um persistente mau comportamento em termos de pagamentos. Nos dois últimos anos, registou-se um elevado número de falências incluindo de grandes operadores. 

 

  • Consumo duradouro - Melhoria de risco de muito elevado para elevado


No ano passado, o consumo privado de bens de consumo não alimentar diminuiu devido ao impacto do coronavírus. O valor acrescentado do setor contraiu 11,5% e a solidez financeira de muitas empresas deteriorou-se. Embora as vendas tenham começado a recuperar no terceiro trimestre de 2020, a situação continuava instável no arranque de 2021 em consequência das novas medidas de confinamento e das novas vagas da pandemia. Este ano, a recuperação do consumo privado continuará a ser modesta, na ordem dos 4%, devido à redução dos rendimentos das famílias e ao aumento do desemprego. As insolvências empresariais podem começar a aumentar no segundo semestre de 2021, em função do termo das medidas fiscais de apoio às famílias e às empresas.

 

  • Eletrónica e TIC - Melhoria do risco de elevado para médio


No primeiro semestre de 2020, as vendas deterioraram-se devido ao encerramento de negócios em consequência do primeiro confinamento. Entretanto, alguns segmentos beneficiaram da crescente digitalização imposta pelo forte incremento do trabalho à distância e do e-learning. Prevê-se que o valor acrescentado do setor cresça cerca de 2,5% em 2021 e mais de 4% em 2022.

 

  • Financeiro - Melhoria do risco de elevado para médio


Muitos bancos continuam a ser afetados por custo de operação elevados e por uma baixa rentabilidade, enquanto os empréstimos improdutivos aumentam devido à forte recessão observada em 2020. Além disso, os bancos italianos têm uma proporção relativamente elevada de dívida pública. Contudo, a resistência do setor bancário italiano sustenta-se numa capitalização suficiente e no facto do BCE continuar a desempenhar um papel importante à hora de introduzir liquidez no sistema. Após uma contração de 3,3% em 2020, espera-se que o valor acrescentado do setor aumente 1,5% em 2021.

 

  • Maquinaria e engenharia - Melhoria do risco de elevado para médio


Esta indústria, orientada para a exportação, foi um dos setores italianos com melhores resultados nos anos anteriores à pandemia. Após uma contração de 16% em 2020, espera-se que a produção na área da engenharia mecânica recupere cerca de 11% em 2021, beneficiando da procura de setores compradoras chave, como o setor automóvel, e dos projetos de investimento permitidos pelo Fundo de Recuperação da União Europeia.

 

  • Metalurgia - Melhoria do risco de muito elevado para médio


O valor acrescentado dos metais deverá aumentar cerca de 17% em 2021, após uma contração de 13% em 2020. Após o aumento registado no ano passado, a situação dos incumprimentos melhorou a partir do quarto trimestre de 2020. Este ano, a indústria de metais regista um aumento das encomendas e das vendas decorrente da recuperação nas principais indústrias compradoras, como o setor automóvel, construção e máquinas. Atualmente, os produtores de metais beneficiam de preços de venda mais altos, resultantes da crescente procura e da escassez da oferta. Devido à recuperação em curso, as perspetivas do setor metalúrgico melhoraram.

 

  • Papel e impressão - Melhoria do risco de muito elevado para elevado


Os produtores de papel e o setor da impressão gráfica foram afetados pela interrupção da cadeia de fornecimento no primeiro semestre de 2020 e pela digitalização em curso, o que provocou uma diminuição da procura. Estima-se que o valor acrescentado do setor tenha sofrido uma redução de 6,3% em 2020 e que alcance um aumento de apenas 0,5% em 2021. Contudo, o segmento de embalagens deverá aumentar 13% este ano, após uma descida de igual valor em 2020.  

 

  • Químico e farmacêutico - Melhoria do risco de elevado para médio


Em 2020, muitas empresas químicas foram afetadas pela deterioração da procura de setores compradores essenciais, como o setor automóvel, e o valor acrescentado contraiu cerca de 7,5%. Contudo, a produção recuperou no quarto trimestre de 2020 e apesar de um retrocesso no primeiro trimestre, prevê-se que aumente 9,5% em 2021. Em comparação com outros setores, o número de incumprimentos continua a ser baixo. As empresas farmacêuticas beneficiam do aumento das despesas com saúde. 

 

  • Serviços - Risco muito elevado


Devido às amplas medidas de confinamento, muitos segmentos foram fortemente afetados, em especial os hotéis, empresas de catering, restaurantes, bares, espetáculos, eventos culturais, agências de viagens e operadores turísticos. Após uma contração de 8% em 2020, espera-se que a produção recupere apenas 3,5% este ano. A atividade do setor não deverá alcançar os níveis anteriores à crise antes de finais de 2022. À medida que se relaxem as restrições, o subsetor de alojamento e restauração, gravemente afetado, terá uma recuperação de 21% ainda em 2021, após sofrer uma contração de 37% no ano passado. O risco de crédito das empresas dos segmentos da restauração, hotelaria e cuidados pessoais mantém-se elevado.

 

  • Siderurgia - Melhoria do risco de muito elevado para médio


As previsões apontam para um aumento de 16% no valor acrescentado da siderurgia em 2021, após uma redução de 13,7% em 2020. Depois de um aumento dos incumprimentos no ano passado, a situação dos pagamentos melhorou a partir do quarto trimestre de 2020. Este ano, os produtores e comerciantes de aço registam um aumento das encomendas e das vendas uma vez que a procura por parte das principais indústrias compradoras, como os setores automóvel, construção e maquinaria, está a recuperar. De momento, os produtores de aço beneficiam de preços de venda mais elevados devido à escassez da oferta. Devido à recuperação em curso, as perspetivas de rendimento no setor siderúrgico melhoraram.

 

  • Têxtil - Risco muito elevado


Os produtores, grossistas e retalhistas já eram afetados, antes da pandemia, por uma concorrência feroz e margens estreitas. Além disso, foram afetados adicionalmente pela deterioração das vendas, tanto a nível nacional como internacional. Após uma contração de 7% em 2019, o valor acrescentado do setor sofreu nova contração de 21% em 2020. Os incumprimentos e as insolvências aumentaram subitamente e as perspetivas para 2021 limitam a 6% a recuperação do valor acrescentado do setor.

 

Sobre a Crédito y Caución


Crédito y Caución é uma das marcas líderes em seguro de crédito interno e de exportação em Portugal, com uma quota de mercado de 25%. A Crédito y Caución contribui para o crescimento das empresas, protegendo-as dos riscos de incumprimento associados a vendas a crédito de bens e serviços. A marca Crédito y Caución também está presente em Espanha e no Brasil. No resto do mundo opera como Atradius. Somos um operador global de seguro de crédito presente em mais de 50 países.  A nossa actividade consolida-se no Grupo Catalana Occidente.
 

Notícias de Análise CyC

Yolanda Pin

Agência exclusiva n.º 28489

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