05Ago2021

O risco de crédito no Brasil

Os setores automóvel, construção, consumo duradouro, eletrónica, serviços e têxtil apresentam um elevado risco de incumprimento, no Brasil.
 

O risco de crédito no Brasil

 

  • Agricultura - Risco médio


A agricultura é o setor menos afetado pela pandemia. Quase todos os segmentos principais revelam boas perspetivas de colheita e as exportações de soja e milho aumentaram no primeiro trimestre de 2021. A produção de algodão está a diminuir, mas manteve-se num nível elevado. Contudo, o segmento açucareiro-energético (etanol) viu-se afetado por uma quebra na procura, uma descida dos preços e condições de mercado incertas. Estima-se que o valor acrescentado dos cereais aumente 2,5% em 2021, após um crescimento de 3,2% em 2020.

 

  • Alimentação - Risco baixo


O valor acrescentado do setor deverá aumentar cerca de 3% em 2021, após crescer 2,4% em 2020. Até ao momento, tanto a distribuição como o processamento de alimentos apresentam um desempenho sólido. Embora o aumento da inflação possa ter um efeito amortizador no crescimento, espera-se que o rendimento do setor melhore ainda mais nos próximos meses, com um aumento da proporção da população vacinada.

 

  • Automóvel e transporte - Risco muito elevado


Tanto a produção como as vendas de automóveis sofreram uma deterioração da procura no primeiro semestre de 2020. Isto provocou graves tensões de liquidez e falta de efetivo em muitas empresas. Em 2021, o setor continua a enfrentar grandes incertezas. Como noutros mercados, a atual escassez de semicondutores afetou a produção de automóveis no Brasil, provocando paragens temporárias na produção. A recente decisão de um importante produtor norte-americano de automóveis de fechar as suas fábricas no Brasil põe em relevo as desventuras competitivas do país em termos de custos de produção. Embora as vendas de veículos ligeiros tenham sido diminutas no primeiro trimestre de 2021, espera-se um melhor comportamento no segundo, dado que a recuperação económica ganhará um certo impulso com um maior desenvolvimento do plano de vacinação. 

 

  • Construção e materiais - Risco elevado


Espera-se que o valor acrescentado da construção recupere cerca de 6% em 2021, após uma contração de 6,7% em 2020. No entanto, as margens operacionais continuam muito ajustadas, com um maior risco de crédito, principalmente entre as empresas de menor dimensão. Há estrangulamentos no fornecimento de materiais de construção e os preços dos insumos de cimento, aço e PVC aumentaram em consequência disso, o que afeta a rentabilidade das empresas de construção.

 

  • Consumo duradouro - Risco elevado


No primeiro semestre de 2020, o consumo privado de bens de consumo não alimentar reduziu-se drasticamente devido ao impacto do coronavírus e a solidez financeira de muitos retalhistas deteriorou-se gravemente. Contudo, graças ao e-commerce no retalho, o setor viveu um forte aumento da procura no segundo semestre de 2020. Além disso, os estímulos fiscais às famílias de menores rendimentos apoiam o setor. Dito isto, o valor acrescentado do setor contraiu-se 3,9% em 2020 e aumentaram os incumprimentos dos retalhistas mais pequenos. No primeiro trimestre de 2021, o impacto da segunda vaga da pandemia e as medidas de confinamento pesaram sobre os resultados do setor que foram mais modestos. Contudo, não se verificou um aumento importante na morosidade. Os retalhistas continuaram a aumentar a sua capacidade de venda online e melhoraram a sua liquidez com a recuperação de vendas no segundo semestre de 2020. No entanto, devido à atual situação de pandemia, continuam a existir riscos. O desemprego continua a ser elevado e espera-se que o consumo privado aumente cerca de 4% em 2021, após uma contração de 5,5% em 2020. 

 

  • Eletrónica e TIC - Risco elevado


Após uma desaceleração inicial em março e abril de 2020, as vendas de TIC beneficiaram da forte procura de computadores portáteis e artigos de conetividade já que muitas empresas adotaram o trabalho à distância. Espera-se que o valor acrescentado do setor das TIC aumente cerca de 3,5% em 2021. A forte expansão do negócio online, impulsionada principalmente pelos grandes operadores locais, está a melhorar os resultados do setor. Devido à escassez de semicondutores, os preços de venda aumentaram. Apesar deste cenário, os incumprimentos aumentaram entre as empresas de TIC de menor dimensão. 

 

  • Financeiro - Risco baixo


O setor mantém-se robusto e bem gerido, capaz de proporcionar apoio à economia graças às medidas de emergência adotadas pelo Banco Central, que ajudaram os bancos a ampliar os prazos de pagamento dos empréstimos sem aumentar os custos de capital. A morosidade ainda não aumentou substancialmente e os quatro maiores bancos do Brasil registaram resultados sólidos no primeiro trimestre de 2021.

 

  • Maquinaria e engenharia - Melhoria do risco de elevado para médio


No primeiro trimestre de 2021, as vendas de maquinaria e equipamentos aumentaram mais de 25% no comparativo anual. Após uma contração de 4,2% em 2020, espera-se que o valor acrescentado da engenharia aumente mais de 8% em 2021. Enquanto as empresas orientadas para a exportação enfrentam alguns problemas, o mercado nacional recupera em força. Os construtores de máquinas nacionais impulsionaram as suas vendas na medida em que a desvalorização do real tornou as importações de máquinas mais onerosas.  

 

  • Metalurgia – Melhoria do risco de elevado para médio


O valor acrescentado dos metais deverá aumentar 14% em 2021, após sofrer uma contração de 6% no ano passado. A procura por parte dos principais setores compradores aumentou em virtude da atual recuperação económica. Além disso, a subida dos preços dos metais e das matérias-primas provocou um aumento das existências.

 

  • Papel e impressão – Melhoria do risco de elevado para médio


Apesar da pandemia, o setor do papel tem-se comportado de forma sólida até ao momento, principalmente devido à forte procura da China. A digitalização provoca uma diminuição do consumo papel, mas a procura de produtos de papel para cuidados de saúde e higiene continua a crescer. Foram feitos grandes investimentos no setor e no primeiro trimestre de 2021 os resultados revelaram-se sólidos devido ao aumento dos preços. Após um crescimento de 0,9% em 2020, o valor acrescentado do setor do papel deverá crescer 4% este ano.

 

  • Químico e farmacêutico - Risco reduzido


Tanto o setor químico como o farmacêutico melhoraram os seus resultados e as suas margens nos últimos dois anos e, até agora, a experiência de pagamento tem sido boa. Embora as vendas de fertilizantes tenham crescido cerca de 30% no primeiro trimestre de 2021, devido a uma evolução favorável dos preços e à forte procura por parte do setor agrícola, espera-se que o crescimento abrande ao longo deste ano. Estima-se que o valor acrescentado dos produtos químicos aumente cerca de 4% em 2021, após uma contração de 1,3% em 2020. No setor farmacêutico, a procura de medicamentos e de fármacos especializados vai continuar a crescer. O mercado é composto principalmente por distribuidores e retalhistas resistentes. O valor acrescentado dos produtos farmacêuticos deverá aumentar mais de 3% em 2021, depois de ter crescido 1,3% em 2020.

 

  • Serviços - Risco elevado


Como consequência do aumento do desemprego e das amplas medidas de confinamento face ao surto de coronavírus, muitos segmentos de serviços foram fortemente prejudicados, em especial a hotelaria, restaurantes, bares, espetáculos, eventos culturais, agências de viagens e operadores turísticos. Contudo, a economia brasileira está a recuperar, com um crescimento de 1,2% no primeiro trimestre de 2021, após crescer 3,2% no quarto trimestre de 2020. Este crescimento também foi impulsionado pela expansão do setor dos serviços. Embora os resultados do setor continuem a ser afetados pela propagação da pandemia e pelas medidas de distanciamento social, os avanços na vacinação deveriam conduzir a melhorias nos próximos meses. No entanto, após uma diminuição de 13% em 2020, espera-se que o valor acrescentado do setor aumente apenas 4,5% em 2021. Estima-se que o valor acrescentado da hotelaria cresça 15% este ano, após uma contração de 22% em 2020.

 

  • Siderurgia – Melhoria do risco de elevado para médio


No primeiro trimestre de 2021, a produção de aço bruto aumentou 6,2% face ao ano anterior e as vendas internas aumentaram 29%. Em março de 2021, o consumo de aço aumentou 33% atingindo 6,7 milhões de toneladas, o maior nível de consumo mensal registado desde 2013. Após uma contração de 8,1% em 2020, o valor acrescentado do aço deverá aumentar mais de 16% em 2021. Os custos de produção aumentaram devido à subida dos preços das matérias-primas, como o minério de ferro e a sucata.

 

  • Têxtil - Risco muito elevado


Os produtores, grossistas e retalhistas já enfrentavam uma situação difícil antes da pandemia com uma concorrência feroz, margens escassas, alterações no comportamento dos clientes e uma maior concorrência dos novos retalhistas online. As vendas deterioraram-se ainda mais com os confinamentos e o aumento do desemprego. No primeiro trimestre de 2021, as importações de roupa diminuíram 30% no comparativo com o ano anterior. O valor acrescentado do setor deverá recuperar 13% em 2021, mas sofreu uma contração de 25% em 2020.

 

Sobre a Crédito y Caución


Crédito y Caución é uma das marcas líderes em seguro de crédito interno e de exportação em Portugal, com uma quota de mercado de 25%. A Crédito y Caución contribui para o crescimento das empresas, protegendo-as dos riscos de incumprimento associados a vendas a crédito de bens e serviços. A marca Crédito y Caución também está presente em Espanha e no Brasil. No resto do mundo opera como Atradius. Somos um operador global de seguro de crédito presente em mais de 50 países.  A nossa actividade consolida-se no Grupo Catalana Occidente.
 

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